Dia 13 de Abril é o dia mundial do beijo. Aproveitando (e estragando) a data, quero falar um pouco do lado não-romântico do exercício do ósculo…
É fato que um simples beijo pode transmitir uma série de doenças. Sim, caro leitor beijoqueiro, sair por aí beijando bocas alheias e, principalmente, desconhecidas, não é uma boa ideia (não do ponto de vista médico-odontológico). Como dentista, não posso deixar de citar a doença cárie. Sim, a cárie é uma doença. E sim, ela pode ser transmitida através de um beijo.
O que ocorre, na verdade, é que a nossa boca está repleta de bactérias. Algumas fazem bem e algumas fazem mal. Um beijo nada mais é que uma grande troca de bactérias entre os envolvidos. Esses microrganismos estão presentes, principalmente em nossa saliva. Existem bactérias específicas que causam a cárie (o Streptococcus mutans é a principal) e, caso estejam presentes na flora bucal, a chance de desenvolver essa doença aumenta. Ser portador dessas bactérias não é um decreto de que alguém terá cavidades, pois a cárie é uma doença multifatorial, ou seja, precisa de uma combinação de fatores para ocorrer. Mas quando esses fatores se encontram, o que não é nada raro… já era.
Tenha em mente que qualquer doença que seja transmitida por bactérias e vírus presentes na cavidade bucal, em tese, pode ser adquirida através de um beijo. Gripe (inclusive a H1N1), mononucleose, tuberculose, hepatite B, herpes, sífilis... Destas, quero chamar a sua atenção para a mononucleose.
A mononucleose é uma doença transmitida pelo vírus Epstein-Barr e que é “carinhosamente” chamada de doença do beijo. É caracterizada por 4 sintomas principais: fadiga, dor de garganta, febre e aumento de linfonodos (“ínguas”). Uma complicação mais séria dessa enfermidade é a esplenomegalia, que é um aumento do baço, podendo chegar, em casos extremos, à sua ruptura. Pode ser fatal.
Ora, para evitar a mononucleose é só não beijar alguém que tenha esses sintomas, certo? Errado. A pessoa que entra em contato com o vírus, caso manifeste a doença, leva de 4 a 8 semanas para apresentar os sintomas. Dá tempo de beijar bastante gente!
Enfim… beijar é muito bom, mas não é só alegria… tem suas consequências. Portanto, antes de sair por aí trocando bactérias, tente se certificar da procedência delas. Sua saúde agradece.
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